QUESTÕES RELATIVAS À TRADUÇÃO
QUESTÕES RELATIVAS
À TRADUÇÃO
Entre os pontos filosóficos suscitados na tradução,
encontram-se a equivalência formal versus a equivalência dinâmica (“traduções literais” versus “paráfrases”)
e o grau no qual a interpretação do significado de um texto, feita pelo
tradutor, deve ser refletido em sua tradução.
“Traduções literais” versus “paráfrases”. Existe uma escala de medição das traduções.
Em um lado da escala estão as traduções “literais”, que reproduzem na língua
receptora (português) as formas gramaticais da língua-fonte; os tradutores as
denominam “traduções de equivalência
formal”. As versões Revista e Atualizada (ARA), Revista e Corrigida (ARO),
Almeida Edição Contemporânea (AEC), Edição Corrigida e Revisada Fiel (Fiel) e
Almeida Século 21 da tradução multissecular de João Ferreira de Almeida e a
Traducção Brazileira são exemplos delas. Versões interlineares, que apresentam
o texto grego palavra por palavra, são traduções literais por excelência, como
o Novo Testamento Interlinear (tanto o da Sociedade Bíblica do Brasil quanto o
da Editora Cultura Cristã).
No outro extremo da escala, encontram-se as “traduções de equivalência dinâmica”, que reproduzem na língua receptora o significado compreendido pelos leitores originais sem, entretanto, transpor as formas gramaticais da língua-fonte. Estas são popularmente denominadas “paráfrases”, ainda que o termo deva ser reservado para documentos nos quais a língua da fonte e do receptor são as mesmas. A Nova Tradução na Linguagem de Hoje, a Bíblia Viva, a Versão Fácil de Ler e Cartas para Hoje são exemplos desse tipo de tradução. A Nova Versão Internacional (NVT), A Tora Viva e Tora — A Lei de Moisés encontram-se em algum ponto entre os dois extremos.
No outro extremo da escala, encontram-se as “traduções de equivalência dinâmica”, que reproduzem na língua receptora o significado compreendido pelos leitores originais sem, entretanto, transpor as formas gramaticais da língua-fonte. Estas são popularmente denominadas “paráfrases”, ainda que o termo deva ser reservado para documentos nos quais a língua da fonte e do receptor são as mesmas. A Nova Tradução na Linguagem de Hoje, a Bíblia Viva, a Versão Fácil de Ler e Cartas para Hoje são exemplos desse tipo de tradução. A Nova Versão Internacional (NVT), A Tora Viva e Tora — A Lei de Moisés encontram-se em algum ponto entre os dois extremos.
Nessa escala, o Novo Testamento Judaico localiza-se mais próximo da
equivalência dinâmica. Em pontos específicos, relacionados à sua judaicidade,
ele assim procede de forma militante. Por exemplo, em outras versões, a
expressão grega hypo nomon é geralmente vertida “sob a Lei”.
Entretanto, pelo fato de essa tradução ter sido usada para amparar a teologia
cristã anti-Torafi, o Novo Testamento Judaico explica o significado
dessas duas palavras gregas mediante 11 palavras portuguesas: “em sujeição
ao sistema resultante da perversão da Torah em legalismo”.
O
tradutor e suas interpretações. Pergunta-se, geralmente, se o tradutor deve
“injetar suas opiniões” na própria tradução. O Novo Testamento Judaico responde
de forma afirmativa e cautelosa, dada sua inevitabilidade, ainda que o tradutor
deseje “manter-se neutro”, ao meramente canalizar idéias da língua-fonte para a
língua receptora sem influenciar o resultado, iludindo a si mesmo e a seus
leitores. Necessariamente, qualquer tomada de decisão sobre a versão de
qualquer palavra ou expressão grega em português exprime a opinião do tradutor.
O tradutor ideologicamente comprometido com a não intrusão de suas opiniões
assim procede a despeito de si mesmo, todavia sem assumir a responsabilidade
pelo ato.
Portanto,
o tradutor deve decidir (opinião pessoal) o significado do vocábulo, ou da
expressão, e como vertê-lo da maneira mais clara possível. Por exemplo, no caso
de hypo nomon, precisamente pelo fato de significados equivocados
terem sido usados no passado, o tradutor do Novo Testamento Judaico considera
responsabilidade pessoal verter o que ele crê ser o significado correto e único
da expressão da forma mais inequívoca. Mesmo quando uma expressão grega soa
vaga, passível de mais de uma interpretação, o tradutor não deve transferir a
ambiguidade para o português, mas decidir-se a favor de uma das possíveis
interpretações e mantê-la.
Contudo,
esta abordagem pode sofrer abusos. Por isso, deve-se destacar que o fato de as
opiniões pessoais do tradutor serem necessariamente refletidas na tradução não
significa anuência com a extrapolação de seu papel para arrebanhar
ilegitimamente seus leitores para a adoção de um posicionamento sectário.
O texto grego usado nesta tradução. Existem mais de 5 mil manuscritos antigos (totais
ou parciais) do Novo Testamento, número maior que o de qualquer outro
documento da Antiguidade. Por causa de erros de escribas e de outros fatores,
eles não concordam entre si em todos os pontos. A crítica textual, que objetiva
determinar a leitura correta do texto com base em fontes imperfeitas ou
discordantes, está muito além da competência da maior parte dos tradutores do
Novo Testamento, incluindo este do Novo Testamento Judaico. Felizmente, existem
edições críticas do texto grego do Novo Testamento, nas quais especialistas
pesquisam, comparam e julgam a precisão de diferentes leituras textuais
encontradas nos manuscritos. O Novo Testamento Judaico baseia-se primariamente
no The GreekNew Testament das Sociedades Bíblicas Unidas; um grande
número de versões inglesas e hebraicas, além de comentários, foi consultado
como referência.
Fonte:
https://novotestamentojudaico.wordpress.com/introducao/5-questoes-relativas-a-traducao/
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